As palavras “professor” e “aluno” não entram no cotidiano do projeto “Brasil EnCena”, Ponto de Cultura da Cia. de Teatro Arteatrando. Alunos são atores desejantes, professores, provocadores. “Eu participo na verdade, não me vejo como um professor e eles como alunos. O tempo todo é uma troca. Eu aprendo com as experiências deles e eles com a minha”, conta Handré Campos, um dos provocadores do projeto. A relação entre os envolvidos no projeto se torna uma nova forma de colaboração mútua.
Essa postura vem de acordo com o próprio projeto da Cia. Arteatrando. O “Brasil EnCena” não é apenas teatro, mas também vivência. Jovens de 13 a 18 e participantes especiais de diversas faixas etárias têm aulas teóricas e práticas, pesquisa e criação com a finalidade de desenvolver habilidades como: corporeidade, vocalização, noções de história da arte, leitura e produção textual qualificando multiplicadores que promovam a formação cultural, social e estética mais apurada da população local.
Plínio Marcos - escritor, ator, diretor e jornalista -, disse que “teatro só faz sentido quando é uma tribuna livre onde se podem discutir até as últimas conseqüências os problemas do homem." Plínio é autor da obra "Homens de Papel", um dos textos que o projeto "Brasil Encena" irá trabalhar.
A pessoa quando se deixa envolver com o teatro se torna mais crítica com a sociedade e descobre a sua identidade, seu íntimo. As aulas do projeto são manifestações desse autoconhecimento, dos atores desejantes e dos provocadores. “Eu nunca vejo o aluno como um aprendiz de ator, mas como um ser humano. As suas dificuldades, seus medos, suas descobertas. São pessoas que tinham que estar neste projeto e que, de algum modo elas, foram trazidas. Tinham coisas para fazer e falar, mas não sabiam como. No projeto, elas encontram este momento, com um figurino, um palco e uma luz. Estão em um local onde conseguiram se encontrar”, completa Handré Campos.