Nosso projeto é o assunto da vez

Confiram a coluna da edição do dia 23 de setembro do Jornal Oficial. O trabalho desenvolvido pela provocadora Arminda Riolo é o assunto.

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Descubra a ti mesmo

“O ator deve trabalhar a vida inteira, cultivar seu espírito, treinar sistematicamente os seus dons, desenvolver seu caráter; jamais deverá desesperar e nunca renunciar a este objetivo primordial: amar sua arte com todas as formas e amá-la sem egoísmo.” O conselho é do russo Stanislavski, um dos mestres do teatro. Seus estudos mostram a importância do ator se descobrir internamente, seu íntimo, para depois poder dizer algo através da arte teatral. O teatro nasce assim, quando o ser humano descobre que pode observar-se a si mesmo, ver-se em ação. 

Arminda Riolo – uma das provocadoras do “Brasil EnCena”, da Cia. Arteatrando – trabalha com os atores desejantes do projeto essa descoberta que é base do teatro: o princípio do Eu, a pesquisa do tempo, do espaço, do próprio corpo, do quem sou e onde estou. “Durante os dois primeiros meses, trabalhamos jogos teatrais. Eles têm a função de estimular o elenco a estar presente, atento e observando. Esses jogos possibilitam que a percepção e a atenção estejam abertas”, diz. 

Para a provocadora, a importância desse autoconhecimento proporcionado pelos jogos teatrais vem de encontro com a própria tarefa de interpretar. “Sempre falo aos nossos atores desejantes que a gente nunca constrói um personagem. Na realidade, nós é que nos desconstruímos. Tudo que iremos colocar em um personagem, como as características que daremos a ele, vem do nosso interior, da gente mesmo”, explica. 

Os jogos teatrais foram sistematizados por Viola Spolin, uma autora e diretora americana de teatro, ainda nas primeiras décadas do século XX. O seu objetivo era liberar crianças e atores amadores de um comportamento mecânico no palco, assim a arte não seria apenas encarada com a técnica, mas com a leveza da criatividade. A técnica deve ser uma “serva humilde” da arte e nunca sufocá-la. O princípio do jogo teatral é a comunicação que emerge a partir da criatividade e espontaneidade das interações entre sujeitos mediados pela linguagem teatral. 

Atentos e observadores de si próprios, os alunos estão prontos para qualquer atividade, como a que começa agora: a montagem do espetáculo “O Mambembe”, de José Piza e Arthur Azevedo.